quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Defendendo a ciência



Gente...tô bem plural essa semana...
gostei bastante do texto do Marcelo Gleiser na Folha de S.Paulo (13.02.2011). Ele fala sobre um assunto que já vem sendo discutido faz um tempinho e de como ele interfere na educação escolar, seja aqui, nos EUA ou em qualquer parte do mundo.
Aí vai...

" Parece notícia velha, mas a ciência e o ensino da ciência continuam sob ataque. Por exemplo, uma busca na internet com as palavras "criacionismo", "escolas" e "Brasil" leva ao portal http://www.brasilescola.com.br/. Lá, há um texto, de Rainer Souza, da Equipe Brasil Escola, que discute a origem do homem. O autor afirma que o assunto é "um amplo debate, no qual filosofia, religião e ciência entram em cena para construir diferentes concepções sobre a existência da vida". No final, diz: "sendo um tema polêmico e inacabado, a origem do homem ainda será uma questão capaz de se desdobrar em outros debates. Cabe a cada um adotar, por critérios pessoais, a corrente explicativa que lhe parece plausível." "Critérios pessoais" para decidir sobre a origem do homem? A religião como "corrente explicativa" sobre um tema científico, amplamente discutido e comprovado, dos fósseis à análise genética? Como é possível essa afirmação de um educador, em pleno século 21, num portal que leva o nome do nosso país e se dedica ao ensino? Existem inúmeros exemplos da tentativa, às vezes vitoriosa, da infiltração de noções criacionistas no currículo escolar. Claro, se o criacionismo fosse estudado como fenômeno cultural, não haveria qualquer problema. Mas alçá-lo ao nível de teoria científica deturpa o sentido do que é ciência e de seu ensino. Um país que não sabe o que é ciência está condenado a retornar ao obscurantismo medieval. Enquanto outros países estão trabalhando para educar seus jovens sobre a importância da ciência, aqui vemos uma corrente contrária, que parece não perceber que a ciência e as suas aplicações tecnológicas determinam, em grande parte, o sucesso de uma nação. Muitos dirão que são contra a ciência apenas quando ela vai de encontro à fé. Tomam antibióticos, mas rejeitam a teoria da evolução. Se soubessem que o uso de antibióticos, que aumenta as chances de que os germes criem imunidade por mutações genéticas, é uma ilustração concreta da teoria da evolução, talvez mudassem de idéia. Ou não. Nem o melhor professor pode ensinar quem não quer aprender. Os cientistas precisam se engajar mais e em maior número na causa da educação do público em geral. Mas devemos ter cuidado em como apresentar a ciência, sem fazê-la dona da verdade. Devemos celebrar os seus feitos, mas ser francos sobre suas limitações e desafios (a teoria da evolução não é um deles!)
Não devemos usar a ciência como arma contra a religião, pois estaríamos transformando-a numa religião também. Achados científicos são postos em dúvida e teorias "aceitas" são suplantadas.
Bem melhor é explicar que a ciência cria conhecimento por meio de um processo de tentativa e erro, baseado na verificação constante por grupos distintos que realizam experimentos para comprovar ou não as várias hipóteses propostas.
Teorias surgem quando as existentes não explicam novas descobertas. Existe drama e beleza nessa empreitada, na luta para compreender o mundo em que vivemos. Ignorar o que já sabemos é denegrir a história da civilização.
O problema não é não saber. O problema é não querer saber. É aí que ignorância vira tragédia."

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Professores digitais


Li um texto bem interessante sobre "professores digitais" e o achei bastante pertinente, já que como professora, ele me fez pensar sobre o assunto.
Esse artigo é de Gilberto Dimenstein e foi publicado na Folha de S.Paulo em 13.02.2011. Mesmo pra quem não está no ramo da educação, vale a pena refletir sobre esse mundo cada vez mais conectado e globalizado. Segue...

"Quando encontra dificuldade para ajudar o filho na lição de casa, Bill Gates aciona o professor Salman Khan. "Tudo fica fácil", diz Gates, que, nos últimos anos, vem gastando dezenas de milhões de dólares em sua fundação para descobrir novos jeitos de educar.
Filho de família da Índia e de Bangladesh, Khan tem um currículo capaz de impressionar qualquer gênero: no MIT (Instituto Tecnológico de Massachusetts), fez matemática, engenharia elétrica e ciência da computação; em Harvard, administração. Mas o que impressiona mesmo Gates é o valor das aulas: são de graça e acessíveis a qualquer um - aliás, neste momento, se quiser, você também pode entrar na internet e receber as mesmas aulas.
Khan foi um dos personagens que influenciaram Gates a escrever um texto em que sugere a substituição dos professores convencionais por aulas, acompanhadas de exercícios, gravadas com recursos multi-meios por professores como Khan e distribuídas para todos. "É melhor uma boa aula desse tipo do que as dadas por professores medíocres", provoca o criador da Microsoft.
Muita gente está levando a sério a possibilidade de as novas tecnologias exterminarem o professor como o conhecemos. Haveria uma radicalização do ensino a distância. Já há recursos para que um curso seja dado sem interferência humana. As aulas são gravadas e todos os debates, exercícios e notas são feitos por um programa de computador.
Autor da idéia de um computador por criança, Nicholas Negroponte me disse que está preparando uma experiência para ser lançada em comunidades da África e da Ásia que têm alto índice de analfabetismo. Quer deixar num lugar público computadores conectados à Internet para ver como e se as crianças conseguem aprender a ler e a escrever sozinhas. "Cada vez mais o conhecimento vai ser transmitido fora da sala de aula", comentou.
Esse tipo de recurso pode ajudar muito os alunos, especialmente os mais pobres, mas duvido que possa atingir a excelência sem que se viva num ambiente criativo, estimulante, com trocas entre alunos e professores motivados. Qualquer um pode acessar aulas do MIT ou de Harvard, entre outros grandes centros de ensino. Outra coisa é entrar num laboratório e acompanhar, por exemplo, o nascimento de um carro capaz de estacionar sozinho. Esse projeto é desenvolvido no AgeLab, que se dedica a criar produtos e serviços para idosos. Já está criando roupas e acessórios para os mais velhos evitarem acidentes.
Estou aqui em Harvard experimentando uma poderosa combinação do virtual com o presencial, num curso sobre experiências educativas internacionais. Cada aula se transforma num fórum na Internet entre os estudantes, conduzido por três monitores. Daí surgem outros fóruns autônomos para cada comentário. Para aprofundar as questões, a classe, separada em três grupos, reúne-se presencialmente.
O professor mistura as aulas expositivas com depoimentos de convidados do mundo inteiro, que, a distância, ilustram os textos curriculares. Um explica como usa a tecnologia para melhorar o ensino em áreas rurais da Índia, outro conta como cria bibliotecas em remotas vilas da Ásia ou da África. Depois da exposição, os convidados respondem às questões dos estudantes. Tudo é gravado e postado na rede.
Tecnologia alguma, porém, supera o entusiasmo de um professor como Fernando Reimers. Ele viaja pelo mundo para conhecer experiências educacionais e participa de algumas delas. Não há software capaz de competir com essa paixão.
O que veio para ficar foi o fato de as informações circularem, criando a possibilidade de que o mundo se converta numa imensa comunidade de aprendizagem. Existem sinais por todos os lados. Um dos negócios que prosperam no mundo digital são páginas abertas a perguntas que são respondidas por leitores. A diferença agora é que empresas estão contratando especialistas para dar respostas quase imediatamente. Há redes sociais em que se podem aprender todas as línguas importantes. Em outras páginas, são ensinadas expressões e gírias que acabam de surgir. Aprende-se espanhol com alguém que está na Argentina ou na China.
O que vai mudar é que o professor que despeja automaticamente os conteúdos será mesmo dispensável, pois será mais caro e menos eficiente do que uma tela de computador.
PS - Coloquei no www.catracalivre.com.br os links desta coluna: o AgeLab, o MIT, o ensino de línguas, as aulas do professor Khan, as redes sociais para o aprendizado dos idiomas e os cursos gratuitos de universidades."

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Cinema - Coco & Igor


Tenho visto vários filmes, inclusive os que estão concorrendo ao Oscar desse ano, mas vou postar sobre um que vi no final de semana passado e que me tocou especialmente.
O filme é Coco & Igor e fala sobre a temporada que o compositor russo Igor Stravinsky, juntamente com sua família, passou hospedado na casa de Coco Chanel para compor. Esse fato é verídico, mas a relação amorosa que se estabelece entre os dois nesse período, não é comprovada.
O que mais me emocionou foi o cuidado com os figurinos e a decoração dos ambientes. Mademoiselle sempre à frente de seu tempo e uma ótima mulher de negócios. As cenas de amor foram pertinentes, mas a música, a arquitetura e a decoração + os figurinos dos personagens daquela época me arrebataram!
Pra quem curte esses coadjuvantes, vale cada segundo!
Um primor!

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Literatura - Na sala com Danuza


Oi pessoal! Estou muito lenta com as postagens, mas tenho visto e lido muita coisa interessante.
Uma delas é esse livrinho da Danuza que foi, primeiramente, publicado em 1992, embora essa edição seja atualizada.
A Danuza Leão é uma jornalista capixaba, mas que é mais carioca do que muitos que conheço por aqui. Gosto muito da visão que ela tem sobre as trivialidades do cotidiano. Ela é bastante sagaz e divertida ao mesmo tempo. Nesse livro, ela faz uma releitura pessoal de certas "normas" de convívio social. O livro não se propõe a ser um livro de etiqueta e sim, o olhar da Danuza sobre certos temas como morar junto, hospedar pessoas em sua casa, mundo gay, etc...
O livro é uma d-e-l-í-c-i-a! e como sempre, sou uma das últimas a ler...
Entretenimento garantido de qualidade e muito útil em algumas situações.
Palmas para a Companhia das Letras que está seguindo o exemplo da nossa querida LP&M e lançando literatura de qualidade com preço acessível.