sábado, 21 de agosto de 2010
Cinema - Uma Noite Em 67
Lendo o artigo sobre esse documentário no blog da Cláudia Laitano http://wp.clicrbs.com.br/agoraeuera/?topo=52,1,1,,170,77
e mais os comentários dos meus alunos adolescentes que viram o filme (pode?!), me deu vontade de pegar uma sessão hoje e conferir.
O filme fala sobre uma determinada noite, 21 de outubro de 1967, quando acontecia a final do Festival de Música Popular Brasileira na Record. Nessa data competiam Chico Buarque, Caetano Veloso, Roberto Carlos, Edu Lobo, Gil e os Mutantes. Nesse contexto, uma nova geração, com uma linguagem bem diferente pra época, despontava mesmo sob a rígida estrutura da Ditadura.
Segue trechinho da coluna da Cláudia e espero que ainda dê tempo de vê-lo na telona, senão vai ser no dvd mesmo!
"Se você sabe cantarolar o refrão de pelo menos três dessas cinco canções, vai gostar de ver também:
1) Os repórteres engomados que cobriam o evento ficando zonzos com as roupas, os cabelos e a linguagem da “juventude”, que fazia ali sua estreia oficial no cenário musical brasileiro. (“Veloso, me explica o que é esse tal de pop.”)
2) Sergio Cabral, um dos jurados do festival, reconhecendo que uma música podia ser mais forte do que uma convicção – mesmo nos politizados anos 60. O crítico admite que foi arrebatado pela modernidade de Domingo no Parque, ainda que fizesse parte da turma que um dia achou que a guitarra elétrica iria acabar com a música brasileira.
3) Chico Buarque, que se apresentou de smoking, confessando como Caetano e Gil, já com as antenas ligadíssimas no pop internacional e na revolução dos costumes, fizeram com que ele se sentisse repentinamente velho e careta. Aos 24 anos.
4) Gilberto Gil contando como estava em pânico na noite da finalíssima. (Quem vê a garra com que ele defende a canção mais inventiva do festival não imagina a fragilidade emocional em que o compositor se encontrava naqueles dias.)
5) A plateia sendo pouco a pouco conquistada pela explosão de energia criativa de Alegria, Alegria. E Caetano Veloso admitindo que não tem saudade de nada da época dos festivais – a não ser do vigor do seu corpo de 20 e poucos anos.
Mesmo com sua estrutura papai e mamãe – imagens de arquivo intercaladas por depoimentos –, o filme consegue, de alguma forma, transcender seu próprio objeto. Não é apenas um documentário sobre a história da música brasileira ou sobre as mudanças que varreriam as fatiotas e os coques-bananas do figurino jovem, mas um filme que coloca sob a perspectiva da história as ideias e as emoções de uma época.
O tempo rodou num instante. Aqueles garotos que ajudaram a inventar a MPB já se aproximam dos 70 anos. E é impossível não se comover com o olhar que eles lançam para o próprio passado: nem divino nem maravilhoso, apenas humano."
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